segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Portuguesas não querem sofrer/Partos com dor


É de mim ou esta noticia foi escrita por quem não fez a mínima pesquisa??? Por quem não tem a mínima sensibilidade para o assunto???

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E se de repente a moda muda? » «A ideia é de regresso ao passado, como se a dor ajudasse aos laços afectivos mãe-filho?» Alguém é capaz de explicar a este "jornalista" o que é humanização do parto???


«Os nascimentos à moda antiga estão a aumentar na Europa. Na Holanda, os partos em casa chegam aos 40% e em Espanha crescem as alternativas à anestesia. Portugal ainda não faz parte desta tendência.

E se de repente a moda muda? Que isto aconteça no meio da alta costura não é de estranhar, agora que os conceitos médicos também estejam ao sabor de conjunturas temporárias é que já parece mais duvidoso, mas é o que se está a passar a nível de partos pela Europa fora, com mais mulheres a optarem por ter os filhos sem anestesia. Em Portugal, por enquanto, a moda ainda não chegou e entre cesarianas e epidurais duas em cada três mulheres preferem o parto sem dor.

Durante anos a ideia foi a de contrariar o mandamento bíblico “a mulher parirá em dor”, com o alargamento das anestesias epidurais e até o recurso ao parto por cesariana, a pedido da mulher, e sem motivos clínicos que o justificassem.

Mas a tendência parece inverter--se com um crescente número de mulheres europeias a preferir dar à luz sem a anestesia, optando antes por técnicas naturais como a hidroterapia na fase de dilatação.

Em países como a Holanda, onde os serviços de Saúde dão resposta aos mais variados pedidos, são já quase 40% as mulheres que escolhem dar à luz em casa, com assistência médica.

Uma situação impensável, pelo menos por enquanto, em Portugal, onde os 500 partos ocorridos fora da rede hospitalar (de um total de 109 mil), acontecem mais por obrigação do que por escolha. Até porque, conforme explicou ao CM o coordenador nacional do Programa de Saúde Reprodutiva, “não há sequer meios em Portugal para acudir aos partos feitos em casa”, fora da rede hospitalar.

Este movimento a favor dos partos naturais surge tanto pela vontade das mulheres como dos especialistas quando perceberam que a percentagem de partos por cesariana, nos países mais evoluídos, excedia em muito a taxa recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Assim, enquanto a OMS aponta para uma taxa de 15% de cesarianas, esse valor chega aos 30,1% na Maternidade Alfredo da Costa, a maior em Portugal. Em Espanha, as taxas são de 26% na rede pública e 35% nas unidades privadas.

Também as episiotomias (ou corte no períneo para evitar que a vagina rasgue durante o parto) têm uma taxa sugerida pela OMS de 30%, quando na Alfredo da Costa oscila, segundo Jorge Branco, entre os 30 e os 60%, consoante as equipas, e é de 46% a média total.

Por curiosidade, nesta mesma maternidade os partos naturais (ou vaginais) problemáticos em 2007 rondaram os 17%, sendo que desses 9,45% (361 partos) implicaram o recurso a fórceps e 7,85% (300 nascimentos) o uso de ventosas.

"ANESTESIA HUMANIZA", Jorge Branco, coordenador do Programa Nacional de Saúde Reprodutiva

CM – Na Europa há uma tendência para partos sem anestesia e em casa.

Jorge Branco – Cá não é assim. Dos 109 mil partos em 2006 só 500 ocorreram fora da rede hospitalar. Nem sequer há meios para prestar essa assistência.

– A ideia é de regresso ao passado, como se a dor ajudasse aos laços afectivos mãe-filho?

– Também somos favoráveis ao reforço dos laços afectivos e para isso começamos a trabalhar no próprio hospital.

– Há mais mulheres a solicitar técnicas para reforçar a afectividade?

– É preciso distinguir o que é diferente. Uma coisa são técnicas terapêuticas, como a hidroterapia na dilatação e atrasar o corte do cordão umbilical. Outra é o sofrimento desnecessário.

– A anestesia não tem reflexo nos laços afectivos?

– Não creio que exista.

– O parto com dor reforça a afectividade entre mãe e filho?

– Não acredito. Não vejo em que é que a anestesia prejudique ou a dor ajude no laço mãe-filho. Nunca impomos a uma mulher que a não queira, mas para nós a anestesia humaniza o parto.

TÉCNICAS

Este ano houve 3819 partos na Maternidade Alfredo da Costa

CESARIANA

De todos os partos registados este ano até finais de Agosto na maior maternidade do País 30,1% são feitos por cesariana, o que corresponde a um total de 1148

EPIDURAL

Jorge Branco estima em 35% as mulheres que fazem partos por via vaginal, na Maternidade Alfredo da Costa, com recurso a anestesia epidural, percentagem que corresponde a 1335 partos

PARTO NORMAL

Os partos naturais, sem anestesia, correspondem a 35% do total. Seja ou não por escolha da parturiente ou por interesse do hospital
Rui Arala Chaves»


Fonte: Correio da manhã
Link: http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=259891&idselect=9&idCanal=9&p=200

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