terça-feira, 9 de outubro de 2007

Trabalho precário dificulta amamentação


«Boa parte das mães algarvias deixam de amamentar os filhos recém-nascidos porque têm trabalhos precários, reconheceu uma responsável da ARS/Algarve, agora que começa a Semana Mundial da Amamentação.

“No Algarve o trabalho precário é elevado e isso dificulta a amamentação, pois muitas vezes não há condições objectivas para a interrupção ou diminuição do tempo de trabalho”, disse ao Observatório do Algarve a pediatra Cristina Gouveia, da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve.

No início da Semana Mundial da Amamentação – iniciativa que visa alertar as mães de todo o Mundo para as vantagens de dar mama aos bebés, em detrimento dos leites de substituição em pó – a mesma responsável sustentou que, mesmo algumas mães com problemas no trabalho poderão ter saída para dar de mamar aos seus bebés.

“Não há qualquer problema que as mães retirem o seu leite e os dêem aos seus filhos posteriormente num biberão”, assegura.

Por outro lado, para obviar às dificuldades com que se defrontam as mulheres algarvias, começaram a funcionar os chamados “cantinhos da amamentação”, salas disponibilizadas pelos centros de saúde para que as mães que andam na rua ou que, por qualquer motivo, não possam ir a casa, dêem de mamar aos seus filhos.

Para já, os cantinhos funcionam em Loulé, Portimão, Silves, Lagos e Olhão, mas ainda esta semana deverão abrir outros em Faro, São Brás de Alportel e Vila Real de Santo António, esclareceu Cristina Gouveia, justificando que o acto de amamentar em público ainda inibe algumas mulheres.

Embora lutando contra a falta de dados estatísticos actualizados sobre a amamentação em Portugal, os pediatras arriscam que a situação melhorou substancialmente desde o início do último quartel do século XX, quando o biberão se começou a associar à emancipação feminina, a par da eficácia das estratégias de marketing globalizadas dos produtores de leites de substituição, como a Nestlé.

“A associação da imagem de um bebé gordo e bonito a uma marca de leite de substituição foi, durante anos, muito perniciosa para esta luta”, sublinha a responsável da ARS/Algarve.
Os últimos dados estatísticos disponíveis, de 1998 e 99, indicam que 85 a 90 por cento das mulheres estão a aleitar os seus filhos com mama à saída das maternidades, mas que essa percentagem cai bruscamente nos meses seguintes e, ao terceiro mês, bem mais de 50 por cento já recorre a leites de substituição.

É um problema que, de acordo com a responsável da ARS, não terá sofrido grandes melhorias nos primeiros anos deste século, até porque as licenças de maternidade ainda não atingem os seis meses tidos como período ideal de amamentação dos bebés.
Como causas para a recusa em amamentar, está o marketing das empresas produtoras de leite em pó, mas também se trata de uma questão cultural, pois “as mães não transmitem o que receberam das avós, porque foram elas próprias alimentadas a leite de substituição”, assinala a pediatra.

Dar de mamar ajuda a emagrecer

A par disto, há mitos que os pediatras estão empenhados em combater, desde as consequências do acto de mamar para os seios das jovens mães até à crença de que o leite mamário não é tão saudável porque tem água misturada.
“Tem água, como todos os leites têm água, e por isso é que os bebés não precisam de beber água”, responde Cristina Gouveia.

Sobre as consequências da amamentação no corpo das mães, esclarece que dar de mamar ao bebé faz diminuir a hemorragia no pós parto, leva a uma diminuição mais célere do útero e ajuda a prevenir a ocorrência de tumores nos ovários e na mama.

Por outro lado, a amamentação ajuda à libertação de hormonas, tornando a mulher menos ansiosa e mais conciliadora do sono, ajudando no processo de emagrecimento pós-parto.
Para o bebé, a amamentação é a sua “primeira vacina”, já que o leite materno tem factores imunológicos insubstituíveis por qualquer imitação. A amamentação assegura ainda a criação de laços afectivos mais fortes entre mãe e filho, sabendo-se que o abandono de crianças é menor entre as que foram amamentadas.

Esta Semana da Amamentação decorre até ao próximo sábado e este ano tem como mote "Amamentar desde a primeira hora! 60 minutos quer podem fazer a diferença", incluindo algumas actividades cujo objectivo é promover a amamentação, sobretudo na primeira hora de vida dos bebés.»


Fonte:Observatório do Algarve

1 comentário:

RH disse...

Parabéns pelo blog.
Convido a ler o artigo:

http://dr-hugo-jorge.blogspot.com/2007/11/amamentao-leite-materno-aumenta-qi-em.html

Hugo Jorge
http://dr-hugo-jorge.blogspot.com