quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Pais de prematuros já têm manual de apoio


«Chama-se «Nascer Prematuro» e é um manual de apoio para pais de bebés que nascem antes do tempo da autoria da Secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria.O livro, lançado no âmbito da III Reunião Internacional de Neonatologia, na Póvoa de Varzim, será distribuído gratuitamente aos pais dos bebés internados nas Unidades de Cuidados Intensivos um pouco por todo o país.

Cerca de 11% dos bebés nascem antes do tempo. No entanto, os avanços médicos na área da neonatologia têm sido notáveis, o que permitiu atingir uma taxa actual de sobrevivência de 70% das crianças que nascem antes das 28 semanas. Nas crianças que nascem antes das 30 semanas, hoje em dia, 80% não apresenta problemas de desenvolvimento.

Segundo Hercília Guimarães, presidente da Secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria, para estes avanços, muito contribuiu «a melhoria da qualidade assistencial em Perinatologia (grávida e Recém-nascido). Nas últimas décadas assistiu-se a uma diminuição franca da mortalidade neonatal e a um aumento do número dos recém-nascidos de idades cada vez mais jovens.

O que é gratificante, é que, analisando os resultados, assiste-se a uma maior sobrevida de bebés mais pequeninos sem aumento do número de sequelas, facto que nos dá força para continuar.
No entanto, e apesar da esperança que a medicina trouxe para os bebés que nascem antes de tempo, a chegada de um prematuro é muitas vezes sinónimo de angústia e ansiedade, sentimentos que surgem a par com a alegria da chegada do bebé.

«É verdade que há situações em que os pais têm alguma dificuldade em aceitar e o seu bebé prematuro, pois ele não corresponde ao seu sonho, não é o que eles estavam à espera. O mesmo acontece nas situações de malformações congénitas neonatais. Em ambos os casos o papel dos profissionais de saúde, nomeadamente dos enfermeiros, é fundamental nesta delicada tarefa de envolver os pais logo na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais e aproximá-los do processo de desenvolvimento da criança. É um trabalho constante entre pais e profissionais, mas resulta», conclui Hercília Guimarães.

«Nascer Prematuro» pretende informar e apoiar os pais que estão a viver esse período de ambiguidade. Por essa razão, a par com a informação médica e a perspectiva do neonatologista, o manual integra ainda a perspectiva de pais que viveram a mesma situação. Histórias que trazem alento e esperança para quem está a passar agora pela chegada de um prematuro: «Gostaríamos que estes textos, elaborados por profissionais que trabalham em Neonatologia e por pais que viveram experiências semelhantes, sejam um contributo para um percurso mais tranquilo na descoberta do vosso filho», refere a direcção da Secção de Neonatologia da SPP na introdução do manual.

O livro dedica ainda um capítulo ao tema «Nascer Prematuro em Portugal» em que é analisada a situação actual no nosso país. De acordo com Teresa Tomé, neonatologista da Maternidade Alfredo da Costa em Lisboa, a neonatologia no nosso país tem feito grandes progressos a par da neonatologia mundial, posicionando-se actualmente «de forma notável na Europa e no Mundo».

Os cuidados a ter no momento em que se leva o bebé para casa, a importância dos cuidados de higiene de quem trata do bebé, não frequentar locais com fumo de tabaco ou excessivamente povoados, são temas também abordados, nomeadamente no âmbito da prevenção de infecções respiratórias. «Todos os cuidados com o bebé recém-nascido devem ser redobrados com o prematuro», alerta Hercília Guimarães.»

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