quarta-feira, 9 de abril de 2008

Amêijoas podem afectar fertilidade humana


«Químicos lançados nas águas provocam alteração hormonal nos bivalves

Compostos químicos presentes em detergentes que são lançados em zonas costeiras através dos esgotos estão a provocar alterações hormonais nas amêijoas brancas que podem estar relacionados com problemas de infertilidade de quem as consome, informa a agência Lusa, que cita uma especialista da Universidade do Algarve.

Este fenómeno foi detectado pela primeira vez em Portugal no Rio Guadiana por uma equipa de investigadores do Grupo de Ecotoxicologia e Química Ambiental do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) da Universidade do Algarve.

De acordo com Maria João Bebianno, coordenadora do grupo, alguns compostos de detergentes ou medicamentos lançados pelos esgotos estão a alterar o funcionamento normal do sistema endócrino das amêijoas brancas. Entre Maio e Setembro as amêijoas distinguem-se por serem do sexo masculino ou feminino, mas fora desse intervalo de tempo tornam-se hermafroditas, este fenómeno denomina-se intersex. O que os investigadores estão a verificar é que os machos vão ganhando características femininas e passam a apresentar ovócitos no tecido testicular. Estas alterações sexuais também estão a acontecer em peixes, o que, segundo Maria João Bebiano, «ainda é mais preocupante».

Para além de poderem implicar falhar reprodutivas nas amêijoas brancas, estas alterações podem também afectar o funcionamento hormonal das pessoas que as ingerem. Segundo Maria João Bebiano, a amêijoa branca acumula componentes químicos que podem estar relacionados com alguns problemas de infertilidade ou diminuição de esperma em humanos.

Este problema poderia ser atenuado se as Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) estivessem preparadas para tratar estes compostos, mas «as ETAR não se adaptaram tecnologicamente ao que é lançado no ambiente e não tratam derivados de detergentes ou medicamentos rejeitados pelas pessoas, o que faz com que se produza um cocktail», declara a investigadora.

Depois do fenómeno ter sido detectado no Rio Guadiana, uma equipa de dez investigadores do CIMA está agora a fazer levantamentos noutros locais do Algarve, nomeadamente na Ria Formosa, nas zonas de Tavira e Faro.»

Fonte:Portugal Diário
Link:http://diario.iol.pt/ambiente/algarve-ciencia-ambiente-ameijoas/937468-4070.html

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