quarta-feira, 2 de abril de 2008

Médicos divergem sobre a cesariana


«Katherine Funke, do A Tarde

Numa cesariana, os bebês nascem em dez a 15 minutos. O prazo de recuperação pós-operatório pode durar dois a três meses. O trabalho de parto normal, por sua vez, pode demorar 20 horas e, como não é cirurgia, a recuperação é mais rápida.

Para a mulher sem indicações médicas para cesariana, existe alguma vantagem em se optar pelo procedimento, em vez de realizar o parto normal? E será que existem contra-indicações? Do ponto de vista da saúde, o assunto é polêmico até mesmo entre obstetras, ginecologistas, psicoterapeutas e outros profissionais que estudam a questão.

Uma das correntes de opinião a respeito divulga que a cesariana é mais vantajosa sob o aspecto fisiológico dos aparelhos genital e urinário feminino. O parto normal geraria a necessidade de se cortar o períneo para abrir espaço ao bebê e poderia incorrer em rupturas na região entre a vagina e o ânus, que poderiam causar incontinência urinária. “Ao incentivar o parto normal, o SUS economiza de um lado, mas gastará de outro, para pagar as cirurgias reparatórias”, argumenta o obstetra Henrique Amorim.

Seu colega Pedro Melo, no entanto, tem opinião oposta. “Se o parto for bem assistido, com esvaziamento da bexiga e do reto, o risco de ocorrer isso é mínimo”.

A psicoterapeuta e filósofa Adriana Tanese Nogueira, mestre pela PUC/SP com pesquisa sobre o tema, diz que o parto cirúrgico desestimula o aleitamento materno e mantém “mulheres submissas e alienadas de sua força, capacidade e auto-estima”. Adriana preside a ONG Amigas do Parto. Pela internet, a ONG promove cursos e tira dúvidas.

COMO FUNCIONA – Como é uma cesariana? A TARDE acompanhou uma. A gestante deita na maca, tem os pêlos pubianos raspados, recebe soro na veia e anestesia para a área do abdômen. Para evitar que toquem o local da cirurgia por reflexo, os braços da mulher são abertos e fixados. “Tudo bem, mãe?”, pergunta uma enfermeira. “Tudo”, responde a gestante – e outros médicos já estão a cortar sua pele e repuxar a carne, com dedos e aparelhos, para abrir espaço entre os órgãos internos.

O útero é a sétima barreira a ser vencida. Os médicos rompem a bolsa de água e dela tiram o bebê. A criança nasce por entre a abertura sustentada pelas mãos firmes de um médico, enquanto outro puxa um corpinho mole e assustado para fora. Corta-se o cordão umbilical.

O neném recebe atenção de uma pediatra, enquanto os cirurgiões retiram a placenta e começam a costurar o útero, os músculos, a pele. Durante todo o tempo, as pernas da mulher, protegidas por panos, servem de “mesa” para as compressas, a placenta, tesouras e outros instrumentos cirúrgicos. A mãe fica acordada durante o procedimento.»

Fonte:A tarde
Link:http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=859136

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