sexta-feira, 18 de abril de 2008

Sete clínicos por equipa para 6 mil partos


«RODRIGO CABRITA-ARQUIVO DN

"Temos sete médicos por equipa de urgência para fazer seis mil partos por ano", avançou ao DN Jorge Branco, presidente do Conselho de Administração da Maternidade Alfredo da Costa (MAC). O cenário traçado pelo médico é de grande preocupação e não afecta apenas a maior maternidade do País. A falta de elementos para formar equipas de urgência é "comum às maternidades em Lisboa", assegura.

Jorge Branco reconhece o aumento da carência de médicos para as urgências, numa maternidade "que faz praticamente cem consultas por dia". A difícil gestão das equipas ainda "não teve repercussão até agora no desenvolvimento do trabalho, porque os médicos têm aceitado fazer horas extraordinárias", reconhece.

A grande preocupação está a aproximar-se com a chegada da época de férias, período em que as equipas de sete elementos irão sofrer um corte. "O pior é que as esquipas já estão cansadas porque têm de-senvolvido um esforço muito grande. Há- -de chegar uma altura em que passam a não aguentar", presume.

Uma das consequências para os médicos da MAC é semelhante à traçada por outros hospitais citados no texto em cima. Os turnos avolumam-se e o tempo de trabalho vai expandindo. A dimensão dos turnos? "São de 24 horas. Não temos pessoas suficientes para fazer turnos de doze como antes. Isso seria a situação desejável, mas não é possível", lamenta Jorge Branco.

Muitos médicos atingiram a idade de aposentação ou deixam de fazer urgências. Aos 50 anos, um médico pode deixar de fazer urgência nocturna e, aos 55, fica oficialmente dispensado de fazer urgência. "Muitos dos nossos médicos atingiram a idade de aposentação. Este ano já perdemos um chefe de equipa e calculo que vão sair mais quatro pessoas. E é preciso lembrar que todos estes médicos levam consigo uma grande experiência", acrescenta.

A saída para os privados, já muito referida, também levou alguns profissionais da maternidade lisboeta. "Os internos recém--formados e que acabaram há um mês, eram quatro: dois saíram e dois apenas ficaram a tempo parcial." Estes médicos optaram por trabalhar no sector privado, tal como outros médicos desta instituição.

Solução encontrada até às férias

Para o administrador da unidade, esta "sangria" merece toda a atenção "ou vai haver problemas mais graves. Não sei como o podemos fazer, mas temos de encontrar uma fórmula para criar estabilidade. Isso terá de ser feito num curto espaço de tempo, até à época de férias", conclui.|- D.M.»

Fonte:Diário de Notícias
Link:http://dn.sapo.pt/2008/04/17/centrais/sete_clinicos_equipa_para_6_partos.html

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