quinta-feira, 15 de maio de 2008

Fazem-se 300 ciclos de tratamento por ano por milhão de habitantes


«O sector privado tem 20 centros de tratamento da infertilidade com recurso a técnicas laboratoriais, tendo os seus responsáveis ouvido com agrado a promessa da ministra da Saúde, Ana Jorge. Mas esperam ainda pelos passos seguintes, a começar pela forma de financiamento. O Governo propõe-se financiar a 100% os tratamentos, sem limite de ciclos nas técnicas de primeira linha (indução de óvulos através de medicamentos) e um ciclo no máximo nas acções de segunda linha: fertilização in vitro (FIV), injecção intracitoplasmática de espermatozóides (ICSI).

"Estamos obviamente muito contentes. Estamos a falar de um problema que afecta muitos portugueses e que se agrava com o avançar da idade. É terrível ver pessoas que estão dois anos à espera para fazer um ciclo de tratamento porque não têm meios para recorrer ao sector privado", argumenta Vladimir Silva, da clínica Ferticentro, em Coimbra, acrescentando que espera um aumentado do número de comparticipações de um ciclo no caso das técnicas de segunda linha.

"É escasso que se defina apenas um ciclo para os tratamentos de segunda linha, porque há situações em que não existe qualquer hipótese com as técnicas de primeira linha. A média de sucessos na FIV é de um para três tratamentos", justifica Cláudia Vieira, presidente da Associação Portuguesa de (In)fertilidade.

Estima-se que existem 500 mil casais inférteis no País, segundo as estimativas da Organização Mundial de Saúde para os países desenvolvidos. E a média de tratamentos no País envolve entre 2500 e 3000 casais por ano. Representa uma proporção de 300 ciclos por milhão de habitantes, o que fica muito aquém da União Europeia, 1100 ciclos por milhão.

A falta de poder económico dos portugueses é uma das explicações para que tal aconteça, sendo a comparticipação do Estado uma forma de ultrapassar essa situação.

Refira-se que, em finais de 2007, o primeiro-ministro, José Sócrates, afirmou que o Governo ia aumentar a comparticipação do Serviço Nacional de Saúde de 47% para 56%, ficando os restantes 44% a cargo dos casais. E que o valor total de comparticipações seria de 33 milhões de euros.

Não há um levantamento a nível nacional da dimensão do problema, de quantos casais inférteis estão em tratamento nem de qual é o tempo de espera, estudo que o Ministério da Saúde diz estar a desenvolver. Em Lisboa, esperam-se seis meses pela primeira consulta e dois anos até completar um primeiro ciclo de tratamento. No Porto, os tempos médios de espera são mais reduzidos e os tratamentos mais baratos, tanto quanto o DN apurou.

Um tratamento de fertilização in vitro custa em média 3000 a 3300 euros, enquanto a injecção intracitoplasmática de espermatozóides ronda os 38000 a 4000 euros. A estes valores juntam--se os gastos com os medicamentos, que rondam mil a 1500 euros. »

Fonte:Diário de Noticias
Link:http://dn.sapo.pt/2008/05/15/sociedade/fazemse_ciclos_tratamento_ano_milhao.html

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