sexta-feira, 9 de maio de 2008

Neonatologia: Banco de leite humano já desperta interesse entre especialistas portugueses


«Lisboa, 08 Mai (Lusa) -- A criação de um banco de leite humano para alimentar sobretudo bebés prematuros tem gerado "algum interesse em hospitais portugueses", informou hoje a presidente da secção de neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria.

O tema foi abordado durante o primeiro dia das Jornadas Nacionais de Neonatologia, a decorrerem até sábado, em Viseu.

Em declarações à Agência Lusa, Teresa Tomé referiu que, apesar de ainda não terem ocorrido quaisquer diligências junto do Ministério da Saúde, o interesse de criar bancos de leite humano é já notado entre os especialistas portugueses.

"As pessoas já tiveram alguma formação e na reunião de hoje percebeu-se o interesse. Mas a discussão está apenas entre os especialistas", disse a médica, acrescentando que um dos pontos de debate é a avaliação do investimento feito e os benefícios conseguidos.

A doação de leite para um banco colectivo é prática corrente em países como o Brasil e Espanha e os principais destinatários são bebés de risco, nomeadamente prematuros e os que têm problemas digestivos ou ao nível do intestino.

"O leite materno é melhor tolerado pelo intestino do prematuro e previne o aparecimento de certas doenças", precisou.

O processo de recolha, que passa pelo "altruísmo das mulheres para ajudar outras crianças que não os seus filhos", inicia-se pela selecção das doadoras.

De fora do processo ficam mulheres com certas doenças, fumadoras e com comportamentos de risco, sendo o leite recolhido rastreado para detecção de infecções.

Depois passa por um processo de congelamento, pasteurização para ser novamente congelado e finalmente armazenado.

No ano passado, o Brasil, cuja rede de leite humano envolve um total de 220 locais, registou mais de 85 mil doadoras, 114 mil receptoras e aproximadamente 113,8 mil litros de leite recolhido e 84 mil litros de leite distribuído.

Em discussão em Viseu também estarão as estatísticas sobre os bebés prematuros de muito baixo peso, que nascem antes das 32 semanas e com um peso inferior a 1,5 quilos e que podem sofrer sequelas físicas.

Segundo Teresa Tomé, o registo nacional mostrou um aumento recente de cerca de 0,5 por cento de prematuros, pelo que o Plano Nacional de Saúde até 2010 consagra o objectivo de reduzir a prematuridade.

Na base destes números estão vários factores como a maternidade em idades mais avançadas e o recurso a técnicas de Procriação Medicamente Assistida que aumenta a hipótese de gravidez de gémeos, o que, por seu lado, é um factor de risco para a prematuridade e baixo peso.

PL.

Lusa/Fim»

Fonte:Noticias Sapo
Link:http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/4160a640191310bea39790.html

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