segunda-feira, 30 de junho de 2008

As "rodas para bebés" são esperança de vida


«Relatório. Conselho da Europa dá conta do regresso desta prática Defensores do sistema avançam com argumentos éticos

O abandono de crianças mantém-se, frequentemente em consequência de pobreza ou de doença, afirma um relatório do Conselho da Europa que dá conta do regresso das "rodas para bebés" - os lugares onde se pode abandonar um recém-nascido.

Se os recém-nascidos são, frequentemente, descobertos em caixotes de lixo ou em locais públicos, outros, menos numerosos, são abandonados de forma anónima numa estrutura especial, sobrevivente da "roda para bebés" ou "roda dos enjeitados", largamente espalhada através da Europa na Idade Média.

"Assiste-se ao regresso controverso das rodas para bebés", explicou o deputado britânico Michael Hanckok, autor do relatório ontem debatido em Estrasburgo.

Na Alemanha, Suíça, Áustria, Hungria, Eslováquia, Bélgica, Itália, "caixas para bebés" foram instaladas nos últimos anos. Acessíveis do exterior, pode-se aí abandonar anonimamente uma criança que será em seguida confiada a famílias que esperam uma adopção. Registada imediatamente, embora a mãe ainda tenha um período durante o qual a pode reclamar, a criança recebe um nome e um apelido.

No início do mês, uma nova Babyklappe [caixa para bebé] foi construída na parede de um hospital alemão. Contam-se 80 na Alemanha e algumas dezenas em países como a Itália ou a República Checa, mas o fenómeno é mundial já que o Japão acaba de criar uma em Kumamoto.

Nos EUA, desde 1999, a maior parte dos estados permite o abandono anónimo de bebés, de recém-nascidos até um ano, em locais seguros e sem risco de perseguições penais.

A "caixa para bebés" gera controversa: em muitos países, o abandono, nomeadamente selvagem, é considerado crime e este sistema é entendido como "incitação a cometer um crime e a desresponsabilizar as mães".

Os defensores do sistema avançam argumentos éticos: luta contra o aborto, prevenção dos abandonos selvagens, infanticidas e maus tratos, e a certeza de ver as crianças adoptadas. "É um mal menor, porque a vida da criança não é posta em perigo e ela torna-se adoptável", resumiu o deputado francês André Schneider.

O relatório, pobre em estatísticas sobre este tema sensível, afirma que o fenómeno do abandono "está longe de se esgotar na Europa central e oriental e é também bem real na Europa ocidental".

As mães que se separam dos seus recém-nascidos são, frequentemente, muito jovens, estrangeiras e sem autonomia.»

Fonte:Diário de Noticias
Link:http://dn.sapo.pt/2008/06/28/internacional/as_rodas_para_bebes_esperanca_vida.html

Sem comentários: