quarta-feira, 25 de junho de 2008

Pulseira electrónica não é infalível nem resolve tudo na vigilância dos bebés


«Maternidades. O controlo de acessos num serviço de Obstetrícia e Pediatria é fulcral para garantir a segurança dos recém-nascidos. O tema voltou a ganhar força com um novo rapto sábado passado em Penafiel. O recurso a pulseiras electrónicas voltou a ser apresentado como o melhor sistema de vigilância Um segundo rapto de um recém-nascido no mesmo hospital, em apenas dois anos, trouxe de novo a discussão da segurança das maternidades para o primeiro plano dos debates. À cabeça, surge, de novo, a pulseira electrónica como sistema maior da vigilância dos bebés dentro das unidades hospitalares.

O DN foi esclarecer esta ideia com Nuno Montenegro, director do serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de São João, no Porto, onde o sistema é utilizado desde 2006. O médico assegura que, como forma de vigilância, as pulseiras electrónicas não resolvem tudo, porque, como os outros sistemas electrónicos, estão sujeitas à avaria. "O sistema que está no hospital em pleno, desde 2006, avaria esporadicamente", confessa aquele responsável pelo serviço. E recorda que as pulseiras devem ser um complemento de segurança e que, se não existem outras normas, outras regras de conduta, "o serviço está perdido". "Há regras básicas que devem ser rotina de todos os funcionários", adianta Nuno Montenegro, começando no próprio transporte dos bebés do piso do bloco de partos para o do serviço, e que deve ser pensado antecipadamente e não momentos antes de ser efectuado.

O sistema de segurança actualmente em vigor no serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de São João procura, de acordo com Nuno Montenegro, funcionar como um esquema cumulativo de medidas de segurança, em que um nível vai completar o nível anterior e onde a pulseira electrónica é somente mais um elo na cadeia.

Primeiro passo: uma pulseira de identificação no punho do bebé

É a norma mais básica e utilizada em todas as maternidades do País. Consiste numa pequena pulseira plástica, colocada no pulso do recém-nascido ainda no bloco de partos. A pulseira contém dados como o nome da mãe, os dados de um cartão que se encontra no berçário.

Segundo passo: colocação de uma pulseira electrónica no tornozelo do bebé

Ainda no bloco de partos, e antes subir para o serviço de Ginecologia e Obstetrícia, é colocada uma pulseira electrónica no tornozelo da criança. O sistema de alarme monitoriza constantemente o local onde está o bebé. Entra em funcionamento pouco tempo depois de colocado no recém-nascido. Se, sem aviso, uma criança passa uma porta do serviço sem antes ser desactivada a pulseira, de imediato é accionado o alarme sonoro e visual do serviço. O hospital entra de imediato em alerta e a vigilância em todas as saídas é de imediato reforçada.

Terceiro passo: as mães são primeiras e maiores vigilantes dos recém-nascidos na maternidade

De acordo com Nuno Montenegro, e facilmente constatável ao falar com algumas progenitoras ainda no hospital, as mães são as primeiras e maiores vigilantes dos seus filhos. Se, por algum motivo, uma mulher se ausentar do quarto por breves instantes, a solução imediata, à falta de uma enfermeira ou do pai, é simples: fica a companheira de quarto a olhar pelo recém-nascido. Tarefa partilhada por todas e que, assim, procura evitar ao máximo os períodos em que o bebé fica sozinho no quarto. A medida nem sequer precisa de ser aconselhada pelos médicos. São as próprias mulheres que o decidem e tomam a iniciativa de tomarem conta do bebé de outra mãe quando ela tem de se ausentar momentaneamente.

Quarto passo: câmaras de vigilância apontadas para as saídas do serviço

Todos os corredores da Obstetrícia e Pediatria têm câmaras de videovigilância apontadas a áreas críticas. Nomeadamente para as portas de saída. O objectivo é permitir identificar, de forma rápida, qualquer saída indevida deste serviço. Actualmente, por força das obras existentes no Hospital de São João, a vigilância das saídas é ainda mais importante.

Quinto passo: porta com código digital secreto

A porta de acesso tem instalada uma fechadura com código digital e cujo segredo só os funcionários do serviço conhecem. O código é alterado periodicamente e a chave de acesso é sempre divulgada durante a reunião matinal. Quem, por algum motivo, não marcar presença na reunião, só poderá saber a nova chave junto de uma chefia e apenas em local apropriado. "Nunca se diz qual é o código de acesso no meio dos corredores", explica Nuno Montenegro.

Sexto passo: porteiro tem uma lista das mulheres internadas e controla a entrada das visitas

Junto à única porta de entrada no serviço, a do código digital, encontra-se, das 08.00 às 20.00, um porteiro ao qual é entregue, logo pela manhã, uma listagem de todas as mulheres internadas em Obstetrícia e Pediatria. Deste modo, pretende-se igualmente controlar de melhor forma a entrada e saída das visitas, já que cada pessoa terá de se identificar e indicar o nome da internada que pretende visitar. As visitas de familiares ocorre apenas das 18.00 às 20.00.

Sétimo passo: saída do serviço permitida com alta e se toda a documentação estiver assinada e carimbada pelo pediatra e obstetra

Para abandonar o serviço, na altura da alta, com o bebé, a mãe ou o pai têm de se apresentar no secretariado administrativo do serviço e apresentar dois boletins: o de saúde da grávida e o de saúde infantil do recém-nascido. Os dois boletins têm de estar assinados e carimbados pelo obstetra e pelo pediatra, respectivamente, antes de ser autorizada a saída. "A assistente administrativa não entrega nenhum documento que diga respeito a benefícios sociais, sem que sejam apresentados os dois boletins", explica Nuno Montenegro. Mesmo à saída do hospital podem ser pedido pelos seguranças estes documentos. »

Fonte:Diário de Noticias
Link:http://dn.sapo.pt/2008/06/21/sociedade/pulseira_electronica_e_infalivel_res.html

1 comentário:

moya disse...

Tantas medidas... quando bastava seguir uma simples norma recomendada pela OMS: alojamento conjunto da mãe e do bébé...
Fora casos especiais (bébés que precisassem de estar na incubadora ou os períodos de descanso/alimentação da mãe), bastava essa medida para prevenir muitas situações desnecessárias...
um abraço, moya