terça-feira, 5 de agosto de 2008

Ensinar as mães a amamentar até aos seis meses


«2008-08-02

ANA TROCADO MARQUES

Em Portugal, apenas 30 a 40% dos bebés são alimentados, exclusivamente, de leite materno até ao primeiro mês de vida. A Organização Mundial de Saúde recomenda que sejam 100% e até ao sexto mês de vida.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que, pelo menos até ao sexto mês de vida, o alimento do bebé, seja, exclusivamente, o leite materno. Em Portugal, diz a Ordem dos Enfermeiros (OE), apenas 30 a 40% dos bebés são alimentados, exclusivamente, de leite materno até ao primeiro mês de vida. A partir daí, na grande maioria dos casos, o leite materno passa a ser a alternar com o leite em pó.

O incumprimento dos direitos laborais das mães em período de aleitamento, fruto do emprego precário, é apontado como a principal causa, a par com os muitos "mitos" criados. Foi para quebrar esses "mitos" e sensibilizar mães e filhos para as vantagens do leite materno ("o alimento mais completo"), que a Ordem dos Enfermeiros organizou, durante o dia de ontem - Dia Mundial do Aleitamento Materno -, e em todo o país, a campanha "Apoiar as mães que amamentam... A caminho do sucesso!".

"Porque é que a mãe produz leite? Porque é que, logo depois de ter o seu filho, tem leite? Como é que consegue ter leite até ao ano e meio?". As muitas perguntas da Carolina são respondidas pela Eva, a jovem mãe que acaba de ter o seu bebé.

As duas bonecas dão corpo à história teatral, serviam de mote às enfermeiras especialistas em saúde materna para falar às 15 crianças do ATL da associação A. F. Vila Cova sobre a importância do aleitamento materno. Durante todo o dia, foi assim na tenda montada na praia, em frente ao mercado das Caxinas (Vila do Conde). Cá fora, o grupo de enfermagem prestava esclarecimentos às futuras mães.

O pólo, acrescente-se, foi um dos cinco montados, ontem, em todo o país (norte, centro, sul, Madeira e Açores).

"A Eva foi a primeira mulher. Queremos que o aleitamento seja a primeira opção. Foi uma escolha simbólica", afirmou Irene Cerejeira, a enfermeira-chefe do serviço de obstetrícia do Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde, explicando a escolha do nome para a mãe, a boneca que dava corpo à história contada aos mais pequenos.

Junto das mulheres e jovens, explicou Irene Cerejeira, o objectivo era desmistificar alguns "mitos" e ajudá-las a amamentar por mais tempo: "Mitos relativos, por exemplo, à quantidade do leite. O leite produz-se com o mamar do bebé. Quanto mais o bebé mamar, mais leite a mãe vai produzir. Se começar logo a dar biberão, a mãe vai ter cada vez menos leite. Quanto à qualidade do leite, ao contrário do que muitas pensam, tem a ver com o tipo de alimentação da mãe", explicava.

Ontem, a mensagem da Ordem dos Enfermeiros era num sentido idêntico. "Os leites adaptados para bebés não conseguem ainda substituir os benefícios do leite materno, como a transmissão de imunidade à criança". E o exemplo de Angola foi destacado pela UNICEF: só 14% das crianças são amamentadas com leite materno até aos quatro meses, contribuindo para a subida da taxa de mortalidade infantil, estimada em 260 mortes por cada mil nados vivos.»

Fonte: JN

Link:http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=974339

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