segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Mães pós-40 aumentam 50% numa década


«Maternidade. A gravidez tardia é um fenómeno que não pára de aumentar em Portugal. Mas mesmo com os avanços da medicina, esta é uma opção de grande risco para muitas mulheres

Quando tinha 15 anos, o sonho de Leonor Norton Brandão era casar aos 20 com o príncipe encantado e começar uma grande família. Mas muitos dos planos da adolescência não duram para sempre e, a dada altura, Leonor optou por viajar e por seguir a carreira que a apaixonava. A maternidade ficou adiada até ter 39 anos, altura em que começou a epopeia de trazer ao mundo os três rapazes de quem tem "o privilégio de ser mãe".

Os dados confirmam a tendência: hoje em dia são cada vez mais as mulheres escolhem ser mães depois dos 40. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), em apenas uma década, o número de crianças que nasceram de uma mãe com mais de 40 anos aumentou 50,7%: em 1997 nasceram 2046 bebés e em 2007 esse número cresceu para 3083. Mas, apesar do fenómeno ser cada vez mais comum, não deixou de acarretar perigos.

Leonor não teve medo de complicações, mesmo quando engravidou pela última vez aos 43 anos. "Como sou uma pessoa extremamente positiva, achei que era tudo perfeitamente normal e não pensava, que devia ter sido aos 25", adianta esta engenheira química a quem ainda restou a vontade de partir para um quarto filho.

Mas nem todas as mulheres que engravidam depois dos 40 têm uma história como a de Leonor. De facto, a esmagadora maioria dos especialista desaconselha a experiência. "A idade materna avançada acarreta um maior risco de alterações dos cromossomas", alerta o médico obstetra Carlos Aguiar Veríssimo. Ou seja, quanto mais velha a mãe, maiores as probabilidades do bebé nascer com deficiências. Segundo estudos norte-americanos, em 100 mil nascimentos de mulheres entre os 30 e os 34 anos, nasceram 49 crianças com trissomia 21, também chamada de mongolismo. Um número que aumentava para mais do dobro quando as mães tinham entre 35 e 39 anos.

Rosa (nome fictício), 45 anos, configura um destes casos em que o bebé nasceu com graves problemas. Depois de ter tido um primeiro filho aos 21 anos, aos 42 voltou a passar por uma gravidez. Os problemas começaram deste cedo, mas Rosa não quis abortar e o filho nasceu com paralisia cerebral.

No entanto, Carlos Veríssimo lembra que devido ao elevado risco de ocorrência de anomalias depois dos 40 anos de idade, "a maioria dos centros de diagnóstico pré-natal propõe a realização de amniocentese" como "diagnóstico da existência de uma alteração cromossómica".

Mas não é apenas o bebé que pode sofrer com uma gravidez tardia. De acordo com o médico "ao longo da gravidez existem outras patologias cujo risco está aumentado após os 40, nomeadamente a diabetes gestacional ou hipertensão".

Com a idade, a própria capacidade de adaptação das grávidas aos novos requisitos pode ficar afectada e a recuperação pós-parto poderá ser mais difícil. Algo que não aconteceu com Leonor, que nem teve "tempo de recuperar", já que "ainda dava de mamar quando estava grávida do segundo". Apesar de todos os riscos , Carlos Veríssimo apoia o optimismo, sublinhado que "a gravidez após os 40 não deve ser encarada como um abismo repleto de perigos. Há que vivê-la com tranquilidade e naturalidade". »

Fonte:Diário Noticias
Link:http://dn.sapo.pt/2008/08/17/sociedade/maes_pos40_aumentam_50_numa_decada.html

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