terça-feira, 12 de agosto de 2008

Não basta ser pai


«Uma curva de caminho, anônima, torna-se às vezes a maior recordação de toda uma volta ao mundo”
Mário Quintana


A frase é feita e conhecida: “Não basta ser pai, tem que participar”. Pois é, pesquisas provam que a figura paterna é tão importante para a criança que, quando ela se sente relegada a segundo plano, acaba com problemas de saúde ou transtornos psicológicos.

A ausência da mãe, ou o pouco caso, também tem seu efeito nocivo, mas existem estudos focados nas conseqüências da ausência do pai. Um deles é da pediatra Melissa Wake, do Royal Children’s Hospital, em Melbourne, na Austrália. Ela realizou uma pesquisa com cerca de cinco mil crianças entre 4 e 5 anos e descobriu que a incidência de sobrepeso e obesidade em crianças em idade pré-escolar tem relação direta com a negligência dos pais, apesar de não ter identificado as motivações para o fenômeno. Outro aponta evidências de um elo entre a ausência da figura paterna e a aceleração do amadurecimento sexual nas meninas. O psicólogo Bruce Ellis, da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, mostra que relações familiares harmoniosas ajudam a retardar a primeira menstruação. Em sua pesquisa, ele observou 173 garotas desde a idade pré-escolar até a 7ª série. Segundo seus estudos, aquelas que conviviam satisfatoriamente com os pais durante os cinco primeiros anos de vida entraram na adolescência mais tarde.

Aqui no Brasil, a psicóloga Alaide Degani De Cantone, coordenadora do Centro de Pesquisas e Estudos em Psicologia e Saúde, em São Paulo, observou meninas que tinham engravidado com 15 ou 16 anos e chegou a uma conclusão preocupante: inconscientemente, as adolescentes usam a gravidez como forma de compensar uma família desestruturada, que não forneceu a elas a atenção necessária durante a infância. Seria uma forma de compensar o desamparo como filha. E o que é um pai ausente, então? Não é aquele que se separou e que, portanto, não vê os filhos todos os dias, mas aquele que pouco ou nada contribui para a sua formação pessoal e social. Presença é participação nos momentos importantes, felizes ou não; é compreensão dos momentos difíceis vividos pela criança; é servir de bússola na hora que ela se depara com caminhos tortuosos; é estar aberto para solicitações, diálogos e críticas construtivas. E mais: é ficar atento às próprias atitudes - mais do que palavras, crianças apreendem comportamentos. »

Fonte:O Povo
Link:http://www.opovo.com.br/opovo/colunas/opovonaeducacao/809672.html

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