segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Mais de metade com qualidade do sémen inferior ao normal - Homens menos férteis


«Mais de metade dos homens em idade fértil, entre os 18 e os 30 anos – 57,8 por cento –, apresenta uma qualidade do sémen inferior à que a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera normal, revela uma investigação feita em Espanha. Especialistasportugueses alertam para os riscos da infertilidade masculina: industrialização, poluição ambiental e ainda os químicos presentes na alimentação, como os corantes.



Em declarações ao CM, o médico urologista Mendes Silva, presidente da Associação Portuguesa de Urologia, considera preocupante o ritmo com que os homens estão a ficar inférteis. "Há estudos que demonstram que a fertilidade masculina está a diminuir devido à industrialização e poluição atmosférica e alimentar. A continuar a este ritmo poderá comprometer a sobrevivência da espécie humana", explica o especialista, alertando para o facto de o problema ter consequência na natalidade: "Há cada vez mais casais que querem ter um filho e não conseguem."

A lista de substâncias que podem contribuir para a redução da fertilidade masculina inclui os pesticidas, desinfectantes, dissolventes e outros componentes utilizados no fabrico de metais, tecidos ou móveis. A infertilidade está a aumentar também na mulher e irá tornar-se um problema de saúde pública. Estima-se que os 15 por cento dos casais inférteis passarão para 30 por cento em 2015, causando acentuado declínio na população europeia.

BANCO PREVÊ ADIAMENTO DA FERTILIDADE

O projecto, que aguarda aprovação para a criação de um banco de óvulos e esperma apresentado pelo investigador em Genética Mário Sousa, inclui três componentes distintas: o banco para os casais inférteis, outro para crianças e adultos com cancro – que pretendam fazer a criopreservação (conservação no frio) dos gâmetas antes dos tratamentos oncológicos – e uma terceira área destinada a homens e a mulheres que querem adiar a fertilidade por motivos profissionais.

"Seria um investimento a rondar os dois milhões de euros", sublinha o investigador Mário Sousa. O recrutamento dos dadores deve ser feito através de associações cívicas e sujeito a rigoroso processo de selecção. "Conseguimos compatibilizar os gâmetas em 85 por cento com os dados genéticos do casal", assegura.

FALTA BANCO DE ESPERMA

Portugal ainda não tem um banco de óvulos e esperma no sector público, apesar de a lei da procriação medicamente assistida já ter sido aprovada e promulgada pelo Presidente da República, Cavaco Silva. O investigador em Genética Mário Sousa, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, critica a lacuna: "Portugal ainda não tem um banco de gâmetas [células reprodutoras] por entraves políticos. Há dois anos o ministro da Saúde disse que não podia ser criado um banco de gâmetas porque a lei não fora ratificada. Hoje já podia tratar-se casais inférteis, mas não se sabe quando será criado um banco."

APONTAMENTOS

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

Nos critérios para avaliar a qualidade no estudo do sémen foram registados o volume da ejaculação, a mobilidade e a concentração dos espermatozóides. Os resultados foram inferiores aos preconizados como "normais" pela OMS.

MAIS DE MIL TESTADOS

No estudo participaram 1239 homens, dos 18 aos 30 anos, de 17 regiões autónomas, e foram avaliados pela Associação Espanhola de Andrologia e Associação de Clínicas de Reprodução Assistidas.

ESTILO DE VIDA

Não foi encontrada relação entre a qualidade do sémen e o tabaco, álcool, drogas e stress.


Cristina Serra»

Fonte:Correio da Manha
link: http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?channelid=F48BA50A-0ED3-4315-AEFA-86EE9B1BEDFF&contentid=26E7C669-0DD2-48C1-89ED-039562833A24

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