quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Medicina garante sucesso na luta contra o fantasma da infertilidade

«Por Faeza Rezende


Um filho faz parte do projeto de vida de praticamente todos os casais. A felicidade, para muitos deles, está atrelada à concretização desse sonho. Mas a notícia de infertilidade – que afeta cerca de 15% dos casais na fase reprodutiva – pode transformar esse desejo em um grande pesadelo. Medo, insegurança, ansiedade.

"A infertilidade não compromete a integridade física do indivíduo nem ameaça a sua vida, mas produz grande frustração e debilita a personalidade, uma vez que a maioria dos casais considera o fato de ter filhos como um objetivo de suas vidas", conta a médica Mariana Kefalás, especialista em reprodução humana.

Mas, com o avanço da medicina, muitos casais têm conseguido concretizar esse sonho com tratamentos especializados, como o de reprodução assistida (bebê de proveta). Atualmente, segundo a especialista, com esse mecanismo é possível obter gravidez em 30% a 40% dos casos. "As complicações do tratamento são raras e decorrem do uso de hormônios injetáveis, do procedimento de coleta dos óvulos e da transferência de mais de um embrião", informa.

Mariana ressalta que, no caso da reprodução assistida, o tratameno é indicado em casos de obstrução das trompas, quando há alterações graves no sêmen, em graus mais avançados de endometriose ou quando há falhas dos tratamentos com apenas indução da ovulação. O tratamento é realizado durante aproximadamente 15 dias de um ciclo menstrual.

Infertilidade. Quando um casal deve procurar um especialista em reprodução humana? Sem dúvida, uma das perguntas mais escutadas nos consultórios é: somos inférteis? A médica esclarece que, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), considera-se um casal infértil quando, ao término de dois anos mantendo relações sexuais freqüentes (duas a três vezes por semana) e sem proteção anticoncepcional, não se obtém gravidez.
"Este prazo foi assim determinado tendo em vista que o ser humano é altamente ineficiente em termos de reprodução, com taxa de fertilidade por ciclo menstrual em torno de 20%. A taxa de gravidez acumulada em um ano é de 93% e, em dois anos, de 97%", explica Mariana.

No geral, inicia-se a investigação do casal infértil a partir de um a dois anos de insucesso na tentativa de engravidar. Em alguns casos, como em mulheres com mais de 35 anos, a especialista conta que se aguarda no máximo dose meses, uma vez que a idade causa impacto na infertilidade. E essa situação está cada vez mais comum nos consultórios. Afinal, conforme relata a médica, os casais estão adiando o momento da decisão de ter filhos, principalmente por dedicação à vida profissional.
"Além do fator idade, os crescentes casos de infertilidade podem estar relacionados a alterações na qualidade do sêmen, devido a certos hábitos, entre eles o tabagismo e etilismo, a multiplicidade de parceiros e fatores ambientais, como poluição, alimentação e estresse", sentencia.

Pela investigação, o especialista descobre, no caso das mulheres, se há ovulação, se as trompas estão boas para permitir a chegada do óvulo fertilizado no útero e se o útero está normal. "Para investigar o homem, é necessário, pelo menos, um espermograma", comenta Mariana. Pelo diagnóstico, conforme informa a médica, é que se determina o tratamento ideal para o casal.

Segundo a médica Mariana Kefalás, as causas da infertilidade podem ser:
· Em 35% dos casos, por fatores femininos, entre eles a dificuldade de ovulação (mulheres com ciclos menstruais irregulares) e problemas no útero e nas trompas;
· Em 35% dos casos, por fatores masculinos, como alteração na quantidade e na qualidade do sêmen, por diversas causas;
· Em 20% dos casos, por associação dos dois;
· Em 10% das ocorrências, as causas são desconhecidas.


Escolha do sexo esbarra na ética

Especialista em reprodução humana, a médica Mariana Kefalás esclarece que, com o avanço tecnológico hoje, já é possível acessar a carga genética do embrião que vai ser transferido (diagnóstico pré-gestacional – PGD), o que permite a determinação do sexo e o diagnóstico de doenças genéticas.

Todavia, ela ressalta que tanto o Conselho Federal de Medicina quanto a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva recomendam que o método só seja utilizado com o intuito de evitar doenças transmissíveis ligadas ao sexo do filho.

"Existem claras objeções éticas em relação ao uso dessa técnica que recaem sobre duas categorias principais. Uma seria diretamente relacionada ao ato, uma vez que a manipulação dos embriões pode acarretar lesões e morte embrionária. A outra recai sobre o problema ético maior, o da seleção genética, pois, caso fossem constatadas anomalias, os embriões ‘defeituosos’ seriam eliminados", detalha a especialista. Ela alerta que, apesar de os avanços deste campo da medicina serem cada dia maiores, a busca da vaidade não deve transgredir a ética e os valores humanos.»

Fonte:JM on line
Link:http://www.jmonline.com.br/?canais,11,08,59

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